Parâmetros Curriculares Nacionais
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - são referências de qualidade para os Ensinos Fundamental e Médio do país, elaboradas pelo Governo Federal. O objetivo é propiciar subsídios à elaboração e reelaboração do currículo, tendo em vista um projeto pedagógico em função da cidadania do aluno e uma escola em que se aprende mais e melhor.
Os PCN, como uma proposta inovadora e abrangente, expressam o empenho em criar novos laços entre ensino e sociedade e apresentar idéias do "que se quer ensinar", "como se quer ensinar" e "para que se quer ensinar". Os PCN não são uma coleção de regras e sim, um pilar para a transformação de objetivos, conteúdo e didática do ensino.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Amanhã começarei o módulo de educaçao especial(inclusiva)!!!! E achei essa entrevista muito interessante.
Uma educação inclusiva para todos. Inclusive para o professor
O termo educação inclusiva deve ser aplicado não só aos deficientes ou aos alunos com necessidades especiais. Essa é uma proposta que deve, sim, ser estendida a todos os estudantes. E que deve beneficiar inclusive o professor, que deve ser conscientizada da importância dessa prática quando da sua formação profissional
Regina Coeli B. Martins:
Ao planejar e executar uma atividade em sala de aula, o professor deve fazer com que todos os alunos estejam incluídos neste contexto. No entanto, como garantir que todos os estudantes participem efetivamente das aulas? Para Regina Coeli Martins a resposta é: através da educação inclusiva. Professora de ensino fundamental na rede pública paulista há 19 anos, Regina é co-autora, juntamente com Windiz Brandão Ferreira, do livro De docente para docente - Práticas de ensino e diversidade para a educação básica. Além de desmistificar a idéia de que a educação inclusiva deve ser feita apenas para alunos portadores de necessidades especiais, a obra traz estratégias e reflexões sobre o tema. “A educação inclusiva é a inclusão de todos os alunos. Cabe ao professor ser o facilitador desta inclusão, criando estratégias inclusivas, através de um novo olhar sobre os alunos e sabendo ouvi-los”, destaca. Veja a entrevista com a autora, que é também presidente da organização não-governamental Educação Para Todos (EdTodos).
Sempre que se fala em educação inclusiva pensa-se na inclusão dos estudantes com necessidades especiais ou deficiências. No entanto, na obra De docente para docente, a sra. afirma que a inclusão deve acontecer para todos os alunos. O que isso significa?
Regina Coeli B. Martins :
A inclusão deve atingir não só os portadores de necessidades especiais. Ela tem que atingir todos os alunos e fazer com que todos participem e aprendam. A inclusão não difere. Ela tem como foco o aluno e precisa atingir a todos, com o objetivo de desenvolvimento de aprendizagem para todos.
O que é afinal a educação inclusiva? Qual é o papel do professor neste cenário?
Ela prevê a inclusão de todos os alunos. Cabe ao professor ser o facilitador desta inclusão, criando estratégias inclusivas, através de um novo olhar sobre os alunos e sabendo ouvi-los.
Quais são essas estratégias inclusivas dentro das escolas?
É a prática do dia-a-dia do professor, a forma como atinge o aluno e como cria mecanismos que possibilitem com que todos participem e tenham oportunidades iguais de atividades. Hoje, as estratégias que estão sendo utilizadas não atingem a todos os alunos - o mecanismo de inclusão não chega a todos igualitariamente. Em uma turma com 40 alunos, que é nosso limite de sala de aula, quem atingirá estes alunos é que deve pensar em transformar as estratégias. Não é só o professor que precisa mudar, mas sim a escola. Esta é uma questão que também envolve todo o corpo diretivo da escola e a coordenação. É função de todo o grupo docente e discente, pois o professor sozinho não conseguirá. Ele precisa de apoio e colaboradores.
Ao mesmo tempo em que a educação deve ser inclusiva para todos, os professores não podem deixar de considerar as características pessoais de cada estudante. Como trabalhar com um público tão heterogêneo e incluir a todos, respeitando, ao mesmo tempo, a vontade dos alunos?
Estabelecendo um mapa da sala, que envolve uma análise dos perfis de aprendizagem do grupo. Antes de se estabelecer qualquer tipo de estratégia é preciso planejar a organização deste grupo e, para isso, é necessário ter o mapa da sala. O mapa estabelece os perfis de cada aluno. Assim, desenvolvem-se atividades para cada grupo de alunos, com o mesmo conteúdo curricular, mas com perfis de aprendizagem diferentes, dificuldades e competências diferenciadas. Esta deve ser a primeira ação do professor, a primeira estratégia inclusiva.
O que é o mapa da sala e como deve ser construído?
O professor deve fazer agrupamentos na sala, sendo que os alunos devem ter proximidade de aprendizagem. Todos no mesmo grupo devem colaborar dentro dos perfis de aprendizagem, sendo que o professor montará o mapa em cima destes perfis. Assim, o foco de estratégias diferenciadas começa a se desenvolver, com atividades dadas de acordo com o perfil de cada grupo, mantendo o foco do conteúdo curricular. Cada aluno deve ter uma competência dentro do grupo, o que aumenta sua participação, responsabilidade, aprendizagem e autonomia de aprendizagem.
É possível promover a inclusão em qualquer ambiente educacional? O que é ser incluído?
Sim, desde a educação infantil até o ensino superior. Independe do ciclo de aprendizagem; ela está em todo contexto. Não há como desenvolver competências sem a educação inclusiva.
O que impede que a educação inclusiva seja colocada em prática nas escolas brasileiras?
Acredito que o problema está na formação do gestor. Eles estão carentes da formação de educação inclusiva, o que ativa uma cadeia de acontecimentos. Do gestor passa para toda a equipe. No entanto, o foco principal é a formação do professor e dos recursos humanos das escolas de formação. Falta quebrar esta barreira e fazer da educação inclusiva uma formação constante. O professor também precisa ser incluído.
Os professores estão preparados, no entanto, para trabalhar com a educação inclusiva?
Não, pois a forma como os professores saem hoje da universidade, a forma como o sistema cria mecanismos de exclusão, cria também uma barreira para que, tanto o professor quanto a escola, não aceitem esta educação. Para incluir 40 alunos é preciso superar várias barreiras impostas pelas políticas públicas. É preciso criar espaço físico, ter pessoal de apoio na escola, mas muitas vezes, estas questões não são trabalhadas.
O que se perdeu na formação quando se passou a exigir o ensino superior?
Perdeu-se uma reflexão para a prática em sala de aula, a didática. O técnico foi substituído pelo acadêmico. Quando saía de um curso de magistério, o professor tinha a prática e sabia quais processos de planejamento e objetivos deveria desenvolver na sala. Hoje, os cursos universitários formam apenas acadêmicos, não oferecendo sustentabilidade para enfrentar o sistema que está aí fora - principalmente nas escolas públicas. Aí está a grande falência no sistema de formação do educador. Há uma distância muito grande entre o curso de magistério e o superior. O professor não sabe como agir e não tem fundamento para a prática, que inclui como planejar uma boa aula, os passos para isso, o que é fazer o registro de uma sala de aula, uma rotina de sala de aula e sua dinâmica. Hoje, o professor sai da universidade e não sabe o que fazer. E nem por onde começar.
Qual é o modelo de sala de aula inclusiva ideal? Que fatores devem ser levados em conta ao discutir a inclusão?
Um modelo ideal é aquele em que se consegue desenvolver a sala e atingir a todos. Não há uma receita pronta. Deve-se verificar se são criados dentro da sala momentos diversificados de aprendizagem. O ideal seria o agrupamento. Sem isso, não se trabalha com a inclusão. Quando se agrupa, aproximam-se as pessoas e respeitam-se as diferenças. O ideal de uma sala de aula inclusiva é aproximar todos para o processo de aprendizagem, o que é possível ao se agrupar. Quando se agrupa, desenvolvem-se condutas e a base para a estrutura de aprendizagem. Inconscientemente, o professor exclui o aluno do sistema.
Qual é a real parcela de culpa dos professores pela exclusão dos alunos?
Ele não tem culpa. A culpa é do sistema e de uma cultura que existe dentro da escola. O professor acaba por reproduzir esta cultura da exclusão inconscientemente. O que precisamos é mudar a cultura da exclusão e o governo tem um papel fundamental nisso. Ao mudar esta cultura, automaticamente as coisas acontecerão. Não podemos ter um modelo ou ficaremos na rotina, o que é perigoso. O ideal é aquele em que o professor procura as mais variadas formas e estratégias, reflete sobre sua prática para atingir a todos. E a melhor forma para que isto seja alcançado é o agrupamento.
Seu livro afirma ainda que o poder de decisão na sala de aula deve ser compartilhado entre estudantes e docentes. Os professores estão preparados para isto? Como fazê-lo?
Delegar poderes é oferecer competências, dar atribuições e responsabilidades dentro da sala de aula. À medida que se dá para a criança a responsabilidade de desenvolver a atividade dentro de um grupo, mostra-se que ela tem habilidade e poder para aquilo. Esta relação de poder é importantíssima, pois valoriza o aluno e faz com que ele participe e se desenvolva. O professor pode distribuir os poderes dentro da sala. Valoriza-se o estudante dando para ele o poder de autonomia do fazer pedagógico. Isto significa delegar habilidades e competências dentro do perfil estabelecido pelo mapa da sala.
Ainda existe o profissional que pensa estar em um pedestal por ser professor ou todos estão conscientes da necessidade da aproximação com os alunos, que também são fontes de conhecimento?
É a cultura da formação em que o professor é o dono do saber, o sábio que deve transmitir o conhecimento. Temos que inverter esta cultura, mostrando que este pedestal está do lado contrário. É uma balança em que estamos juntos. O professor deve se tornar um pesquisador junto com o aluno, em busca do conhecimento. Dessa forma, quebra-se este pedestal e ele passa a delegar poderes para todos dentro da sala. É lógico que são poderes direcionados, poderes de aprendizagem. Não significa que o aluno fará o que quiser. Ele terá o poder de participar e colaborar, o que é diferente. Na cultura da maioria das escolas, o aluno não carrega este conhecimento, mas na cultura inclusiva isto é diferente, pois os dois caminham juntos e trazem informação. Um complementa o outro – professor e aluno.
Isto também vale para a direção da escola e os funcionários?
A cultura inclusiva engloba toda a escola: a gestão administrativa e a pedagógica. O poder é delegado quando todos compartilham das mesmas habilidades e competências, quando todos têm algo a acrescentar.
De que forma a família e a comunidade podem contribuir para uma escola inclusiva?
É o mesmo papel quando se permite que a família participe, com competências na escola, dando a ela um poder compartilhado. Quando se aproxima a família deste poder compartilhado é possível ver um desenvolvimento da aprendizagem. A educação inclusiva engloba a escola como um todo e, fora dos muros escolares, a família que colabora, participa, age, cria regras. É uma questão de conduta da família. A educação inclusiva é, sim, uma educação colaborativa, pois a inclusão depende da colaboração de todos os agentes.
Na obra, são citados os conceitos inclusão e integração. Quais são as diferenças entre eles?
A inclusão acontece quando todos participam. Todos colaboram e têm competências. Na integração é diferente. É possível estar integrado, mas não desenvolver suas competências. O aluno pode estar integrado no grupo e não participar. Enquanto que, ao estar incluído, ele faz parte daquele sistema. A integração nem sempre o leva a fazer parte, ela não garante a participação. Já a inclusão exige participação e emoção. O aluno pode estar integrado, mas não significa que está comprometido.
Como deve ser pensada a grade curricular de uma escola inclusiva?
Ela deve ser planejada. Este planejamento deve envolver toda a escola, o corpo docente e discente, além de ser diário. Em cima de seus registros, o professor pode planejar as práticas seguintes. Por exemplo, se uma prática não atingiu os alunos ou não aconteceu dentro do que se esperava, é preciso replanejar esta ação, levando-a para seus companheiros e refletindo sobre isso. A grade curricular precisa ser planejada por ciclos de aprendizagem e envolver todo o corpo docente. Ela deve ser interdisciplinar, ter um foco que envolva todas as disciplinas.
Quais são os recursos humanos disponíveis em sala para promover a inclusão e de que forma devem ser utilizados?
São os estudantes. O professor deve fazer deles o recurso mais importante dentro da escola. Quando falamos em recursos humanos, nos referimos às formas para desenvolver aquele recurso, que é o aluno.
Como deve ser o processo de avaliação em uma sala de aula onde é trabalhado o conceito da inclusão? De que forma os resultados desta avaliação devem ser aplicados?
A avaliação é, na verdade, polêmica em todas as propostas educacionais. Na educação inclusiva ela deve ser contínua. Ela dá ao professor uma mediação de por onde seguir e planejar. Esta avaliação é feita a partir de registros, de portfólio, que é uma prática importantíssima para o planejamento das aulas. No portfólio os professores podem guardar, a cada semana, as atividades dos alunos e acompanhar seu desenvolvimento durante o ano letivo. Também pode haver um portfólio do professor em que ele registra e acompanha a aprendizagem de seus alunos e, pode ainda, ser um registro de avaliação pessoal do professor. Depende da forma como se quer colocá-lo enquanto recurso de avaliação.
Reportagem: Ana Paula Novaes
Fonte:(http://www.folhadirigida.com.br/htmls/hotsites/suplemento_2007/Cad_07/Pag_75.html)
O termo educação inclusiva deve ser aplicado não só aos deficientes ou aos alunos com necessidades especiais. Essa é uma proposta que deve, sim, ser estendida a todos os estudantes. E que deve beneficiar inclusive o professor, que deve ser conscientizada da importância dessa prática quando da sua formação profissional
Regina Coeli B. Martins:
Ao planejar e executar uma atividade em sala de aula, o professor deve fazer com que todos os alunos estejam incluídos neste contexto. No entanto, como garantir que todos os estudantes participem efetivamente das aulas? Para Regina Coeli Martins a resposta é: através da educação inclusiva. Professora de ensino fundamental na rede pública paulista há 19 anos, Regina é co-autora, juntamente com Windiz Brandão Ferreira, do livro De docente para docente - Práticas de ensino e diversidade para a educação básica. Além de desmistificar a idéia de que a educação inclusiva deve ser feita apenas para alunos portadores de necessidades especiais, a obra traz estratégias e reflexões sobre o tema. “A educação inclusiva é a inclusão de todos os alunos. Cabe ao professor ser o facilitador desta inclusão, criando estratégias inclusivas, através de um novo olhar sobre os alunos e sabendo ouvi-los”, destaca. Veja a entrevista com a autora, que é também presidente da organização não-governamental Educação Para Todos (EdTodos).
Sempre que se fala em educação inclusiva pensa-se na inclusão dos estudantes com necessidades especiais ou deficiências. No entanto, na obra De docente para docente, a sra. afirma que a inclusão deve acontecer para todos os alunos. O que isso significa?
Regina Coeli B. Martins :
A inclusão deve atingir não só os portadores de necessidades especiais. Ela tem que atingir todos os alunos e fazer com que todos participem e aprendam. A inclusão não difere. Ela tem como foco o aluno e precisa atingir a todos, com o objetivo de desenvolvimento de aprendizagem para todos.
O que é afinal a educação inclusiva? Qual é o papel do professor neste cenário?
Ela prevê a inclusão de todos os alunos. Cabe ao professor ser o facilitador desta inclusão, criando estratégias inclusivas, através de um novo olhar sobre os alunos e sabendo ouvi-los.
Quais são essas estratégias inclusivas dentro das escolas?
É a prática do dia-a-dia do professor, a forma como atinge o aluno e como cria mecanismos que possibilitem com que todos participem e tenham oportunidades iguais de atividades. Hoje, as estratégias que estão sendo utilizadas não atingem a todos os alunos - o mecanismo de inclusão não chega a todos igualitariamente. Em uma turma com 40 alunos, que é nosso limite de sala de aula, quem atingirá estes alunos é que deve pensar em transformar as estratégias. Não é só o professor que precisa mudar, mas sim a escola. Esta é uma questão que também envolve todo o corpo diretivo da escola e a coordenação. É função de todo o grupo docente e discente, pois o professor sozinho não conseguirá. Ele precisa de apoio e colaboradores.
Ao mesmo tempo em que a educação deve ser inclusiva para todos, os professores não podem deixar de considerar as características pessoais de cada estudante. Como trabalhar com um público tão heterogêneo e incluir a todos, respeitando, ao mesmo tempo, a vontade dos alunos?
Estabelecendo um mapa da sala, que envolve uma análise dos perfis de aprendizagem do grupo. Antes de se estabelecer qualquer tipo de estratégia é preciso planejar a organização deste grupo e, para isso, é necessário ter o mapa da sala. O mapa estabelece os perfis de cada aluno. Assim, desenvolvem-se atividades para cada grupo de alunos, com o mesmo conteúdo curricular, mas com perfis de aprendizagem diferentes, dificuldades e competências diferenciadas. Esta deve ser a primeira ação do professor, a primeira estratégia inclusiva.
O que é o mapa da sala e como deve ser construído?
O professor deve fazer agrupamentos na sala, sendo que os alunos devem ter proximidade de aprendizagem. Todos no mesmo grupo devem colaborar dentro dos perfis de aprendizagem, sendo que o professor montará o mapa em cima destes perfis. Assim, o foco de estratégias diferenciadas começa a se desenvolver, com atividades dadas de acordo com o perfil de cada grupo, mantendo o foco do conteúdo curricular. Cada aluno deve ter uma competência dentro do grupo, o que aumenta sua participação, responsabilidade, aprendizagem e autonomia de aprendizagem.
É possível promover a inclusão em qualquer ambiente educacional? O que é ser incluído?
Sim, desde a educação infantil até o ensino superior. Independe do ciclo de aprendizagem; ela está em todo contexto. Não há como desenvolver competências sem a educação inclusiva.
O que impede que a educação inclusiva seja colocada em prática nas escolas brasileiras?
Acredito que o problema está na formação do gestor. Eles estão carentes da formação de educação inclusiva, o que ativa uma cadeia de acontecimentos. Do gestor passa para toda a equipe. No entanto, o foco principal é a formação do professor e dos recursos humanos das escolas de formação. Falta quebrar esta barreira e fazer da educação inclusiva uma formação constante. O professor também precisa ser incluído.
Os professores estão preparados, no entanto, para trabalhar com a educação inclusiva?
Não, pois a forma como os professores saem hoje da universidade, a forma como o sistema cria mecanismos de exclusão, cria também uma barreira para que, tanto o professor quanto a escola, não aceitem esta educação. Para incluir 40 alunos é preciso superar várias barreiras impostas pelas políticas públicas. É preciso criar espaço físico, ter pessoal de apoio na escola, mas muitas vezes, estas questões não são trabalhadas.
O que se perdeu na formação quando se passou a exigir o ensino superior?
Perdeu-se uma reflexão para a prática em sala de aula, a didática. O técnico foi substituído pelo acadêmico. Quando saía de um curso de magistério, o professor tinha a prática e sabia quais processos de planejamento e objetivos deveria desenvolver na sala. Hoje, os cursos universitários formam apenas acadêmicos, não oferecendo sustentabilidade para enfrentar o sistema que está aí fora - principalmente nas escolas públicas. Aí está a grande falência no sistema de formação do educador. Há uma distância muito grande entre o curso de magistério e o superior. O professor não sabe como agir e não tem fundamento para a prática, que inclui como planejar uma boa aula, os passos para isso, o que é fazer o registro de uma sala de aula, uma rotina de sala de aula e sua dinâmica. Hoje, o professor sai da universidade e não sabe o que fazer. E nem por onde começar.
Qual é o modelo de sala de aula inclusiva ideal? Que fatores devem ser levados em conta ao discutir a inclusão?
Um modelo ideal é aquele em que se consegue desenvolver a sala e atingir a todos. Não há uma receita pronta. Deve-se verificar se são criados dentro da sala momentos diversificados de aprendizagem. O ideal seria o agrupamento. Sem isso, não se trabalha com a inclusão. Quando se agrupa, aproximam-se as pessoas e respeitam-se as diferenças. O ideal de uma sala de aula inclusiva é aproximar todos para o processo de aprendizagem, o que é possível ao se agrupar. Quando se agrupa, desenvolvem-se condutas e a base para a estrutura de aprendizagem. Inconscientemente, o professor exclui o aluno do sistema.
Qual é a real parcela de culpa dos professores pela exclusão dos alunos?
Ele não tem culpa. A culpa é do sistema e de uma cultura que existe dentro da escola. O professor acaba por reproduzir esta cultura da exclusão inconscientemente. O que precisamos é mudar a cultura da exclusão e o governo tem um papel fundamental nisso. Ao mudar esta cultura, automaticamente as coisas acontecerão. Não podemos ter um modelo ou ficaremos na rotina, o que é perigoso. O ideal é aquele em que o professor procura as mais variadas formas e estratégias, reflete sobre sua prática para atingir a todos. E a melhor forma para que isto seja alcançado é o agrupamento.
Seu livro afirma ainda que o poder de decisão na sala de aula deve ser compartilhado entre estudantes e docentes. Os professores estão preparados para isto? Como fazê-lo?
Delegar poderes é oferecer competências, dar atribuições e responsabilidades dentro da sala de aula. À medida que se dá para a criança a responsabilidade de desenvolver a atividade dentro de um grupo, mostra-se que ela tem habilidade e poder para aquilo. Esta relação de poder é importantíssima, pois valoriza o aluno e faz com que ele participe e se desenvolva. O professor pode distribuir os poderes dentro da sala. Valoriza-se o estudante dando para ele o poder de autonomia do fazer pedagógico. Isto significa delegar habilidades e competências dentro do perfil estabelecido pelo mapa da sala.
Ainda existe o profissional que pensa estar em um pedestal por ser professor ou todos estão conscientes da necessidade da aproximação com os alunos, que também são fontes de conhecimento?
É a cultura da formação em que o professor é o dono do saber, o sábio que deve transmitir o conhecimento. Temos que inverter esta cultura, mostrando que este pedestal está do lado contrário. É uma balança em que estamos juntos. O professor deve se tornar um pesquisador junto com o aluno, em busca do conhecimento. Dessa forma, quebra-se este pedestal e ele passa a delegar poderes para todos dentro da sala. É lógico que são poderes direcionados, poderes de aprendizagem. Não significa que o aluno fará o que quiser. Ele terá o poder de participar e colaborar, o que é diferente. Na cultura da maioria das escolas, o aluno não carrega este conhecimento, mas na cultura inclusiva isto é diferente, pois os dois caminham juntos e trazem informação. Um complementa o outro – professor e aluno.
Isto também vale para a direção da escola e os funcionários?
A cultura inclusiva engloba toda a escola: a gestão administrativa e a pedagógica. O poder é delegado quando todos compartilham das mesmas habilidades e competências, quando todos têm algo a acrescentar.
De que forma a família e a comunidade podem contribuir para uma escola inclusiva?
É o mesmo papel quando se permite que a família participe, com competências na escola, dando a ela um poder compartilhado. Quando se aproxima a família deste poder compartilhado é possível ver um desenvolvimento da aprendizagem. A educação inclusiva engloba a escola como um todo e, fora dos muros escolares, a família que colabora, participa, age, cria regras. É uma questão de conduta da família. A educação inclusiva é, sim, uma educação colaborativa, pois a inclusão depende da colaboração de todos os agentes.
Na obra, são citados os conceitos inclusão e integração. Quais são as diferenças entre eles?
A inclusão acontece quando todos participam. Todos colaboram e têm competências. Na integração é diferente. É possível estar integrado, mas não desenvolver suas competências. O aluno pode estar integrado no grupo e não participar. Enquanto que, ao estar incluído, ele faz parte daquele sistema. A integração nem sempre o leva a fazer parte, ela não garante a participação. Já a inclusão exige participação e emoção. O aluno pode estar integrado, mas não significa que está comprometido.
Como deve ser pensada a grade curricular de uma escola inclusiva?
Ela deve ser planejada. Este planejamento deve envolver toda a escola, o corpo docente e discente, além de ser diário. Em cima de seus registros, o professor pode planejar as práticas seguintes. Por exemplo, se uma prática não atingiu os alunos ou não aconteceu dentro do que se esperava, é preciso replanejar esta ação, levando-a para seus companheiros e refletindo sobre isso. A grade curricular precisa ser planejada por ciclos de aprendizagem e envolver todo o corpo docente. Ela deve ser interdisciplinar, ter um foco que envolva todas as disciplinas.
Quais são os recursos humanos disponíveis em sala para promover a inclusão e de que forma devem ser utilizados?
São os estudantes. O professor deve fazer deles o recurso mais importante dentro da escola. Quando falamos em recursos humanos, nos referimos às formas para desenvolver aquele recurso, que é o aluno.
Como deve ser o processo de avaliação em uma sala de aula onde é trabalhado o conceito da inclusão? De que forma os resultados desta avaliação devem ser aplicados?
A avaliação é, na verdade, polêmica em todas as propostas educacionais. Na educação inclusiva ela deve ser contínua. Ela dá ao professor uma mediação de por onde seguir e planejar. Esta avaliação é feita a partir de registros, de portfólio, que é uma prática importantíssima para o planejamento das aulas. No portfólio os professores podem guardar, a cada semana, as atividades dos alunos e acompanhar seu desenvolvimento durante o ano letivo. Também pode haver um portfólio do professor em que ele registra e acompanha a aprendizagem de seus alunos e, pode ainda, ser um registro de avaliação pessoal do professor. Depende da forma como se quer colocá-lo enquanto recurso de avaliação.
Reportagem: Ana Paula Novaes
Fonte:(http://www.folhadirigida.com.br/htmls/hotsites/suplemento_2007/Cad_07/Pag_75.html)
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REPORTAGENS E DICAS
sábado, 1 de maio de 2010
GRANDES NOMES E GRANDES PENSADORES
HISTÓRIA
Pensar a escola, uma aventura de 2 500 anos
SÓCRATES
O mestre em busca da verdade
PLATÃO
O primeiro pedagogo
ARISTÓTELES
O defensor da instrução para a virtude
SANTO AGOSTINHO
O idealizador da revelação divina
TOMÁS DE AQUINO
O pregador da razão e da prudência
ERASMO DE ROTERDÃ
O porta-voz do humanismo
MARTINHO LUTERO
O autor do conceito de educação útil
MICHEL DE MONTAIGNE
O investigador de si mesmo
COMÊNIO
O pai da didática moderna
JOHN LOCKE
Um explorador do entendimento humano
JEAN-JACQUES ROUSSEAU
O filósofo da liberdade como valor supremo
JOHANN HEINRICH PESTALOZZI
O teórico que incorporou o afeto à sala de aula
JOHANN FRIEDRICH HERBART
O organizador da pedagogia como ciência
FRIEDRICH FROEBEL
O formador das crianças pequenas
AUGUSTE COMTE
O homem que quis dar ordem ao mundo
KARL MARX
O filósofo da revolução
HERBERT SPENCER
O ideólogo da luta pela vida
ÉMILE DURKHEIM
O criador da sociologia da educação
JOHN DEWEY
O pensador que pôs a prática em foco
MARIA MONTESSORI
A médica que valorizou o aluno
OVIDE DECROLY
O primeiro a tratar o saber de forma única
ÉDOUARD CLAPARÈDE
Um pioneiro da psicologia infantil
HENRI WALLON
O educador integral
ALEXANDER S. NEILL
O promotor da felicidade na sala de aula
ANTON MAKARENKO
O professor do coletivo
ANTONIO GRAMSCI
Um apóstolo da emancipação das massas
CÉLESTIN FREINET
O mestre do trabalho e do bom senso
JEAN PIAGET
O biólogo que pôs a aprendizagem no microscópio
LEV VYGOTSKY
O teórico do ensino como processo social
ANÍSIO TEIXEIRA
O inventor da escola pública no Brasil
CARL ROGERS
Um psicólogo a serviço do estudante
B.F. SKINNER
O cientista do comportamento e do aprendizado
HANNAH ARENDT
A voz de apoio à autoridade do professor
FLORESTAN FERNANDES
Um militante do ensino democrático
PAULO FREIRE
O mentor da educação para a consciência
EDGAR MORIN
O arquiteto da complexidade
MICHEL FOUCAULT
Um crítico da instituição escolar
LAWRENCE STENHOUSE
O defensor da pesquisa no dia-a-dia
PIERRE BOURDIEU
O investigador da desigualdade
EMILIA FERREIRO
A estudiosa que revolucionou a alfabetização
HOWARD GARDNER
O cientista das inteligências múltiplas
(FONTE:http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/022.shtml)
Pensar a escola, uma aventura de 2 500 anos
SÓCRATES
O mestre em busca da verdade
PLATÃO
O primeiro pedagogo
ARISTÓTELES
O defensor da instrução para a virtude
SANTO AGOSTINHO
O idealizador da revelação divina
TOMÁS DE AQUINO
O pregador da razão e da prudência
ERASMO DE ROTERDÃ
O porta-voz do humanismo
MARTINHO LUTERO
O autor do conceito de educação útil
MICHEL DE MONTAIGNE
O investigador de si mesmo
COMÊNIO
O pai da didática moderna
JOHN LOCKE
Um explorador do entendimento humano
JEAN-JACQUES ROUSSEAU
O filósofo da liberdade como valor supremo
JOHANN HEINRICH PESTALOZZI
O teórico que incorporou o afeto à sala de aula
JOHANN FRIEDRICH HERBART
O organizador da pedagogia como ciência
FRIEDRICH FROEBEL
O formador das crianças pequenas
AUGUSTE COMTE
O homem que quis dar ordem ao mundo
KARL MARX
O filósofo da revolução
HERBERT SPENCER
O ideólogo da luta pela vida
ÉMILE DURKHEIM
O criador da sociologia da educação
JOHN DEWEY
O pensador que pôs a prática em foco
MARIA MONTESSORI
A médica que valorizou o aluno
OVIDE DECROLY
O primeiro a tratar o saber de forma única
ÉDOUARD CLAPARÈDE
Um pioneiro da psicologia infantil
HENRI WALLON
O educador integral
ALEXANDER S. NEILL
O promotor da felicidade na sala de aula
ANTON MAKARENKO
O professor do coletivo
ANTONIO GRAMSCI
Um apóstolo da emancipação das massas
CÉLESTIN FREINET
O mestre do trabalho e do bom senso
JEAN PIAGET
O biólogo que pôs a aprendizagem no microscópio
LEV VYGOTSKY
O teórico do ensino como processo social
ANÍSIO TEIXEIRA
O inventor da escola pública no Brasil
CARL ROGERS
Um psicólogo a serviço do estudante
B.F. SKINNER
O cientista do comportamento e do aprendizado
HANNAH ARENDT
A voz de apoio à autoridade do professor
FLORESTAN FERNANDES
Um militante do ensino democrático
PAULO FREIRE
O mentor da educação para a consciência
EDGAR MORIN
O arquiteto da complexidade
MICHEL FOUCAULT
Um crítico da instituição escolar
LAWRENCE STENHOUSE
O defensor da pesquisa no dia-a-dia
PIERRE BOURDIEU
O investigador da desigualdade
EMILIA FERREIRO
A estudiosa que revolucionou a alfabetização
HOWARD GARDNER
O cientista das inteligências múltiplas
(FONTE:http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/022.shtml)
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