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BLOG GRILO FALANTE: fevereiro 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sobre Idéias e Pães



Mário Sérgio Cortella


"Afinal de contas, por que somos educadores e educadoras? Tenho uma suspeita: por causa da paixão. Vinte, trinta (aposenta e volta), quarenta ou mais anos na profissão, alimentando o corpo docente nas reuniões movidas a café e bolacha.


Paixão por uma idéia irrecusável: gente foi feita para ser feliz! E esse é nosso trabalho; não só nosso, mas também nosso. Paixão pela idéia de, procurando tornar as pessoas melhores, melhorar a si mesmo ou mesma; paixão, em suma, pelo futuro.


Nosso "negócio" é o futuro... Cada um e cada uma de nós têm contato diariamente com o futuro: muitas e muitos, quando começaram a dar aulas, tinham 16 anos de idade, e os alunos 7; fizemos 20, eles chegaram com 7; atingimos os 30, eles estavam com 7; alcaçamos 40, e eles 7 etc. Cada dia, encontramos o que há de mais novo na humanidade, porque também somos.


Nascemos não-prontos vamos nos fazendo; eu, neste momento, sou o mais novo de mim, minha mais nova edição (revista e ampliada), o mais velho de mim está no passado.


Nosso tempo, o dos educadores, é este hoje em que já se, em gestação, o amanhã. Não um qualquer, mas um amanhã intencional, planejado, provocado agora. Um amanhã sobre o qual não possuímos certezas, mas que sabemos possibilidade.


Pode parecer romântico, no entanto, é dessa utopia que não nos podemos apartar, sob a pena de perdermos o sentido de humanidade.


É nessa paixão pelo humano que habita, de forma convulsiva, a tensão articulada entre o epistemológico e o político, onde se dá o encontro do sonho de um Conhecimento como ferramenta da Liberdade e de um Poder como amálgama da convivência igualitária.


Há um ditado chinês que diz que, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um; porém, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia, e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas.


“Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir idéias, para todos terem pão...”